O mercado por trás da padronização dos corpos e do conceito de saúde

É difícil dizer quando a saúde virou mercadoria, mas o fato é que, atualmente, ela é uma das indústrias mais lucrativas. E ela está majoritariamente associada à ideia de peso, alimentada pela cultura da dieta, para a qual saúde é igual à magreza. Vende-se, por tanto, uma ideia de bem-estar que só pode ser conquistada se a pessoa se encaixa em determinados padrões, o que, em geral, causa mais adoecimento e sofrimento.

Para se ter ideia da dimensão, uma pesquisa da Forbes mostrou que, entre os estadunidenses, 48% colocou como prioridade para 2024 melhorar a “vida fitness”, enquanto o número de pessoas que pretendiam priorizar a saúde mental era de 36%. Perder peso, com 33,8%, e focar na dieta, com 31,6%, também estavam entre as maiores metas. Já aprender uma nova habilidade, ter mais tempo para hobbies e atividades de lazer e viajar mais apareciam só com 8,8%, 7,1% e 5,9%, respectivamente.

O que essa pesquisa nos ajuda a enxergar é como o corpo ganhou uma dimensão tão grande que parece isolado de um todo. Para muitos, não é sobre cuidar de si, ter tempo para aproveitar a vida, comer com consciência, se exercitar para estar bem; é sobre estar dentro de um padrão físico imposto pela sociedade.

E essa mentalidade é impulsionada por uma indústria que lucra com o sofrimento de milhões de pessoas, fazendo com que elas se sintam constantemente insatisfeitas com a autoimagem e com suas vidas. E isso tem um motivo: continuar gerando lucro. Nossa saúde física e emocional (que devem andar juntas!) não são mercadorias. Nossas emoções e nossos corpos não podem ser transformados em commodities.

Comida & EmoçãoEllen Cocino