Não devemos tratar a relação com os nossos corpos como uma luta

Batalha, luta, guerra, esforço, sacrifício. Por que esses termos são tão utilizados para falar da relação com a comida?

Você já parou para perceber como os discursos em torno da alimentação, principalmente no que diz respeito às dietas, estão ligados a uma ideia de enfrentamento? É um reforço constante de que é preciso caber em um modelo específico de vida (e, aqui, estamos falando de medidas corporais, mas também de comportamentos) e, para isso, seria preciso abdicar de muita coisa.

Primeiramente, precisamos rever esses discursos, tanto como eles chegam até nós quanto como os introjetamos e reproduzimos. Comer não precisa ser uma experiência dolorosa. Para muita gente, de fato, é, por questões ligadas aos transtornos alimentares - e é preciso acolher e cuidar. É preciso reconhecer que muito desse adoecimento vem por pressões sociais e econômicas que impõem em nós um constante sentimento de insatisfação.

Assim, estamos sempre "lutando", "batalhando", nos "sacrificando" para ter um corpo considerado desejável, para não sermos como alguém que "não se cuida" ou mesmo para termos afeto. Cruel, né? Estabelecer um relacionamento saudável com a alimentação vai para além do que você consome. É também sobre como a ingestão dos alimentos te afeta emocionalmente, pois o físico e o psicológico estão intimamente ligados.

Você não precisa e nem deveria estar brigando com a balança, com o espelho ou com o seu olhar (e o do outro). A gente precisa mesmo é lutar pela nossa felicidade, pelo direito de sermos quem somos e também para garantir que todos possam expressas sua pluralidade. Então, vamos escolher nossas batalhas?!

Comida & EmoçãoEllen Cocino