Nossas emoções não são estáticas e nem a nossa relação com a comida
Muitas pessoas chegam até o consultório preocupadas por observarem algumas mudanças na relação com a comida. "Eu gostava tanto de tal coisa e hoje não consigo nem olhar" ou "Comer determinado alimento me trazia muita satisfação, mas hoje, é indiferente. Tem alguma coisa errada comigo?" são algumas das colocações que ouço com frequência. E não há resposta genérica: cada caso precisa ser observado individualmente. Mas, é preciso lembrar que a forma como a comida nos atravessa, para além da necessidade física, não é linear e está relacionada também com as nossas transformações emocionais.
Explico: é cada vez mais comum ouvirmos falar de alimentação como se fosse um simples ato mecânico, desprovido de afetos. Na verdade, o que comemos está relacionado a vários fatores sociais, econômicos e pessoais. Assim como nossas emoções se alteram, também a forma como nos sentimentos em relação a certos alimentos e hábitos também mudam. Isso significa, necessariamente, que há motivos para preocupação.
Mas, se essas transformações são bruscas e prolongadas, se colocam em risco nosso bem-estar físico e emocional, é necessário buscar acompanhamento profissional, tanto no quesito nutricional quanto psicológico. Este é o tipo de tratamento no qual acredito, quando as emoções são levadas a sério e não há culpabilização do indivíduo. Todos passamos por altos e baixos e o importante é que tenhamos suporte e acolhimento para que atravessemos os momentos mais complicados e que celebremos as conquistas.
Ao invés de instrumentalizarmos a alimentação, vendo-a apenas como fonte para se encaixar em padrões estéticos, precisamos resgatar seu aspecto do prazer, das interações sociais e de ligação com o mundo ao nosso redor, da nossa cultura e de outras. Sentir o que se come para, também, sentir a si mesmo