Você não precisa gostar de tudo e nem comer algo por obrigação

Por mais que gostemos de pensar que nossos gostos são frutos puramente dos nossos desejos individuais, isso não é verdade. Existe toda uma construção social, que perpassa a família, o convívio em sociedade e a cultura, que atravessam a construção da nossa identidade. Essa influência pode acontecer em maior e menor grau e, quanto mais somos expostos a outros tipos de vivências, outras culturas, outros sabores, maior a nossa paleta de opções para definir melhor o que somos e o que apreciamos, de forma mais consciente. Por que estou falando sobre isso? Pois ainda existe uma pressão muito grande para que as pessoas sigam uma única forma de pensar e existir.

E a comida faz parte desses mecanismos de controle social. É muito comum, infelizmente, que se classifique comportamentos fora do considerado "positivo" ou "saudável" como sendo reprováveis e, portanto, passíveis de punição. Uma das repreensões mais usuais é a de dizer que alguém é "frescurento(a)" por não gostar de um determinado tipo de alimento. Mas, quem foi que determinou que todos devemos gostar das mesmas coisas? Por que alguém deve ser criticado por não se sentir à vontade em comer algo? Ou por gostar de um alimento específico que pode estar fora do espectro do considerado "saudável"?

É importante refletirmos que nossos padrões alimentares são complexos. Algumas pessoas têm restrições por questões mais profundas, inclusive por conviverem com transtornos alimentares. Mas, também há quem simplesmente não queira comer algo que você ache bom. Estar aberto para novas experiências, em todos os âmbitos, inclusive o alimentar, é ótimo, mas precisa ser uma ação voluntária, não forçada. Coagir alguém a comer algo porque você outra pessoa acha que isso é importante é uma violência.

Acolhimento

Construir um ambiente seguro para que o outro se sinta confortável para ser quem ele é - e também demandar por esse mesmo respeito para nós mesmos, é crucial. Se desconstruir, questionar o motivo por que gostamos ou não de algo, se é racional ou fruto de preconceito, também. Mas tudo no seu tempo. Você não é obrigado a nada, apenas a se respeitar e também garantir esse respeito ao outro.