Inclusão e diversidade de corpos na moda: mudança real ou marketing?

Quando você vê propagandas de roupas, beleza, produtos no geral, você consegue se enxergar? No cinema, na televisão, na música e em outras expressões artísticas, há pessoas que se pareçam com você? Não costumamos nos fazer essas perguntas com frequência, pois a padronização dos corpos e outras formas de opressão (racismo, LGBTQIA+fobia, capacitismo, só para citar algumas) criam a falsa impressão de que o "padrão" é o único caminho a se seguir. E só pessoas que se adequam a ele podem ser vistas. Nos últimos anos, porém, essa percepção tem sido cada vez mais desafiada.

Um exemplo disso, na moda, é a marca Victoria's Secrets. Por anos, apenas modelos magras podiam subir às suas passarelas. Nas peças publicitárias, idem. Um de seus slogans era "O corpo perfeito", no qual só estavam modelos parecidas. Graças à pressão de várias ativistas, esse padrão começou a ser criticado. Onde estão os outros corpos? Que mensagem isso passa? Ao mesmo tempo, outras empresas, como a SavagexFenty, de Rihanna, ganharam notoriedade justamente por celebrarem a diversidade de tamanhos, idades, raças, gêneros.

Como um resultado da mudança de visão da sociedade, a VS anunciou várias mudanças e tem contratado modelos de corpos diversos para suas campanhas e parece ter abandonado a ideia de que só existe um tipo de corpo. Existe um debate sobre até que ponto isso seria apenas estratégia de marketing.

Pode até ser, mas, por vivermos em uma sociedade capitalista, as mudanças passam, também, pelo mercado. Se não consumimos produtos de empresas que excluem a diversidade, pressionamos para que haja mudanças - e isso gera um ciclo em que novas imagens ganham espaço, provocando transformações profundas no sentido da representatividade.

Enfatizar a beleza dos vários tamanhos de corpos é essencial, ainda mais quando vemos a volta, nas principais passarelas do mundo, da exigência por corpos muito magros, como nos anos 90, em uma estética rotulada de "heroin chic" (em alusão à perda de peso dos usuários de drogas). É preciso que estejamos sempre vigilantes, pois o caminho para uma inclusão efetiva é logo e cheio de altos e baixos.