O poder transformador dos encontros: sobre estar aberto e aprender com o outro, nas situações positivas ou negativas

Combinamos por fim de nos encontrar na esquina das nossas ruas que não se cruzam.
— Ana Martins Marques
 

Tenho pensado muito na força transformadora dos encontros, em como, a partir do contato com o outro, não só conhecemos mais sobre nós mesmos, como também temos a possibilidade de realizar ações efetivas de mudanças individuais e coletivas.

A antropóloga americana Margaret Mead teorizou que o processo civilizatório da humanidade se deu a partir da solidariedade e da empatia. Ela usou uma fratura no fêmur como exemplo de como nossos antepassados fizeram isso, pois nenhum grupo de animais havia se compadecido com um outro membro ferido, normalmente abandonando-o a própria sorte. Enquanto comunidade, proporcionar espaço para que a ferida se cure, que haja alimentação, cuidados, suporte para a recuperação, faz toda a diferença.

Os encontros não serão sempre positivos. Às vezes, são experiências dolorosas, traumáticas até. As diferenças de perspectiva de vida, as invalidações da nossa voz, as dores que também podemos causar no outro, tudo isso é parte dessa experiência intensa e imprevisível que é viver. Mas no sofrimento também há espaço para o nosso amadurecimento.

O ponto é que, apesar da importância de olhar para dentro, de entender nossas emoções, nos conhecermos e também precisarmos dos nossos silêncios, é a partir das experiências com os outros que também entendemos quem somos. Se nos abrimos para ouvir, para aceitar que o diferente de nós não é necessariamente errado, podemos perceber que podemos aprender muito e também ensinar, com gentileza e empatia.