Felicidade compulsória: um problema do nosso tempo

A gente vem conversando aqui sobre os efeitos das redes sociais nas nossas dinâmicas individuais e interpessoais e hoje eu gostaria de levantar uma questão que considero muito importante: ninguém é feliz o tempo todo.

Calma, com isso não estou querendo dizer que a felicidade e bem-estar não devam ser almejados - ao contrário. Mas, o que se percebe é uma pressão da sociedade contemporânea para que todos estejam bem o tempo todo, o que, convenhamos, é impossível.

Felicidade compulsória

Nessa dinâmica, cria-se uma cultura de desconexão das pessoas com seus verdadeiros sentimentos. Postar uma foto bonita com uma legenda inspiradora, para alguns, é mais importante do que olhar para dentro de si e entender o que está se passando, como estão suas emoções e como trabalhá-las de uma maneira que seja boa para cada um.

Vemos cada vez mais filosofias de vida que impõem noções como a de que se você não está bem, se está passando por dificuldades financeiras, com problemas de autoestima ou de saúde emocional, é porque a “culpa” é sua.

Tudo isso gera uma ansiedade e um sentimento de frustração que, ao invés de motivar, podem intensificar os sentimentos negativos com os quais a pessoa está lidando.

Saúde mental e vida equilibrada

Enquanto sociedade, precisamos valorizar os cuidados com a saúde mental, entendendo também seu reflexo no corpo. Precisamos falar sobre como a relação com a comida não passa só por questões como “força de vontade”, como insistem alguns, mas por elementos culturais, emocionais, entre outros.

Quanto mais nos conhecemos, melhor podemos traçar uma rotina e planos com a nossa cara, nossas necessidades. É necessário aprender a lidar com o medo, a raiva, a frustração, a tristeza, a decepção.

Somos parte de um conjunto e, também, seres únicos. Respeitar esses processos, entrando em contato com o que faz sentido para a gente, é uma jornada intensa, mas necessária.