Como padrões estéticos e construções sociais patologizam o corpo

Neste espaço temos refletido bastante sobre como as construções sociais sobre beleza - e as pressões que elas exercem sobre as pessoas - podem ter efeitos profundos na saúde física e emocional.

Recentemente, li o artigo “O nome da celulite”, escrito por Beatriz Amorim, estudante de medicina, e achei interessante compartilhar com vocês algumas reflexões sobre como os padrões estéticos deixam os nossos corpos patologizados. Acompanhe

Padrões estéticos na sociedade

A autora lembra que o que se convencionou se chamar de celulite, até o início da década de 1970 era visto como uma característica normal do corpo da mulher.

A partir de artigos em publicações populares, como a Vogue, essa percepção começou a mudar e o que não era uma questão, passou a se tornar um “problema”. Toda uma nova forma de encarar o corpo foi implantada, coagindo as mulheres a se sentirem mal com seus corpos e a buscarem formas de eliminar a celulite.

E aqui, um parênteses: o próprio termo celulite é problemático, pois indica uma inflamação nas células, condição que, de fato, existe em várias formas no organismo, mas que não está relacionada ao que popularmente se convencionou chamar de “celulite”.

Além disso, outro mito é de que ela está associada à obesidade ou ao sobrepeso. Segundo a Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, 95% das mulheres têm lipodistrofia ginoide (um dos nomes científicos da celulite).

Patologização do corpo feminino

A patologização do corpo feminino é resultado de uma construção histórica e está constantemente se atualizando de várias formas, seja na capa das revistas ou nos filtros do Instagram.

Tratamentos estéticos, alguns deles perigosos, dietas restritivas e uma infinidade de produtos estéticos são apresentados todos os dias como soluções rápidas e fáceis para algo que foi transformado em um problema.

Descontruindo conceitos e padrões

Ressignificar nossa relação com nossos corpos, com o que comemos e com nossos hábitos de vida é um processo que não precisa estar associado ao sofrimento. Cuidar-se é mais do que seguir padrões; é sobre descobrir o que faz sentido para a sua vida.