Celebridades, transtornos alimentares e mídia
Imagine crescer em frente às câmeras e ter todos os seus passos registrados pela mídia. As mudanças de personalidade, do corpo. Tudo. Sob os olhares de milhões de pessoas, ter sua vida julgada e sua aparência milimetricamente analisada.
Esse é o caso de várias celebridades, entre elas Mary-Kate e Ashley Olsen. As irmãs, celebridades desde a infância, decidiram na vida adulta se afastar dos holofotes, dedicando-se à carreira de estilistas. Um dos motivos foi a pressão da mídia sobre suas aparências - e as consequências disso para a sua saúde.
Transtornos alimentares e celebridades
No final da adolescência, Mary-Kate foi diagnosticada com anorexia e, apesar do desejo da família em manter o assunto privado, a mídia publicou diversas matérias de teor pejorativo, criticando sua aparência e ignorando que o transtorno alimentar é uma condição complexa.
Ela foi culpabilizada por conta do seu peso. Em uma entrevista com Oprah, no início dos anos 2000, a apresentadora tocou no assunto do transtorno alimentar, o que deixou a jovem desconfortável, e logo em seguida perguntou "qual o tamanho" de Mary-Kate, que tentou desviar do assunto, levando a plateia ao riso.
Transtornos Alimentares na Mídia
Segundo relatos, após a entrevista, Mary-Kate decidiu iniciar o tratamento para anorexia, talvez motivada pela pressão midiática e popular. Ainda que o movimento tenha sido importante, é triste que ele tenha ocorrido não porque ela contou com uma rede de apoio e suporte emocional, mas porque a sociedade fez, mais uma vez, alguém se sentir inadequado, envergonhado por conta de sua aparência.
Vivemos um outro momento e entrevistas que constrangem e humilham já não são tão naturalizadas, o que é importante.
Mas, precisamos mudar de forma incisiva nosso comportamento enquanto sociedade. Seja com celebridades, com alguém do nosso convívio ou nós mesmos, tratar da saúde física e mental deve ser um assunto abordado com cuidado a acolhimento. Que paremos de querer controlar os corpos dos outros ou mesmo de achar que o nosso deve ser "castigado" por conta de padrões.
O processo de recuperação necessita de uma disponibilidade emocional que precisa ser estimulada - e não forçada. Não é preciso (se) julgar. Existe espaço para o cuidado e afetividade, sempre.