A diversidade dos corpos está sendo abandonada? Após anos de melhoria na pluralidade dos corpos, padrões de magreza estão voltando a ganhar destaque
Nos últimos anos, foi possível observar mudanças na representatividade midiática: em filmes, séries, na música, em propagandas e outros produtos, diferentes tipos de corpos e belezas ganharam espaço. Porém, parece estar havendo um retrocesso recente, com o enrijecimento dos padrões de beleza e um culto renovado da magreza a qualquer custo. O que leva ao questionamento: a celebração da diversidade foi, na verdade, um golpe mercadológico?
Quando falamos de tendências sociais, estamos lidando com fatores complexos. É importante reforçar que a diversidade, em todas as suas facetas, NÃO foi pautada pelas indústrias. Ela é resultado da luta diária de muitas pessoas que buscam criar um ambiente mais acolhedor e, de fato, inclusivo, no qual todos possam expressar suas identidades e no qual a beleza não seja vista como algo único, mas entendida em sua pluralidade.
Uma matéria recente publicada na The Vogue Business mostrou que diminuiu a diversidade de corpos nas principais passarelas de moda do mundo (Nova York, Londres, Milão e Paris). Apenas cerca de 4,5% dos looks apresentados eram para corpos que não eram considerados magros, ou seja, até o 38. Em 2023, o percentual foi de 4,8%. Parece pouco, mas, em um mercado com tamanha exclusão, perder esses espaços é preocupante.
A pesquisa apontou ainda que, quando as designers são mulheres, costuma haver maior inclusão de diferentes tipos de corpos no desenho das roupas. Talvez o fato das mulheres serem as principais vítimas dos padrões corporais e, por consequência, as que apresentam maior índices de transtornos alimentares, explique o motivo de haver maior preocupação e empatia quando as criadoras são do gênero feminino.
Precisamos ficar atentos para não retrocedermos. É importante que cobremos das marcas que abram espaço para o diverso, para que criem produtos que acolham as diferentes formas de existir e também que possamos ter, no cotidiano, um olhar despido de preconceitos. E, me conta, o que você acha sobre esse assunto?