O tribunal da internet e como a alimentação virou alvo de controle

A internet se transformou em um grande tribunal. Cada vez mais, algumas pessoas se sentem autorizadas a ditar como os outros devem se portar e o que é certo e errado. Assim, reproduzem padrões do cotidiano e, também, criam novos, em um processo que dá continuidade a um ciclo vicioso de julgamentos e, em muitos casos, de adoecimento mental e físico.

Afinal, muitos de nós passamos várias horas dos nossos dias conectados - e as imagens e mensagens que recebemos nas redes podem acabar afetando o nosso emocional.

Redes sociais, corpo e alimentação

Nessa arena virtual, a padronização dos corpos e das formas de se portar têm gerado uma pressão enorme em pessoas de várias idades, entre elas crianças e adolescentes.

A alimentação, nesse contexto, vira uma forma de controle e uma moeda de troca: bombardeados de fotos de comidas, de restaurantes, do prazer de se alimentar, também somos apresentados ao oposto, à culpabilização por comer certos alimentos e por ter corpos que possam estar fora das regras estabelecidas pela indústria da beleza.

Alimentação e controle midiático

O número de "coaches" e profissionais que não têm habilitação em nutrição, mas prometem fórmulas para "secar" em pouquíssimos dias. Esse tipo de conduta estimula o desenvolvimento de problemas de autoimagem e/ou transtornos alimentares.

Resultados de "antes e depois" fazem sucesso, mas seus efeitos também são nocivos pois fazem acreditar que os resultados são atingidos de forma instântanea. E a ideia é de que todos podem (ou devem) chegar a essas medidas - e quem não consegue deve ter algum problema. Percebe como esse ciclo é nocivo?

Caminhando na direção contrária

Como podemos mudar isso? Não é fácil, mas um primeiro movimento pode ser o de olhar para dentro. O que te incomoda? E por que incomoda? É uma questão estética ou mais profunda?

Que sentimentos são evocados quando você come? Tudo isso faz parte do processo de entendimento da sua relação com a alimentação e com seu corpo. E ele é único. Não procure na experiência dos outros o modelo para o seu bem estar.

Te convido a se ouvir e procurar entender o que faz sentido para você. Sem julgamentos.