Medo de engordar: descubra mais sobre ele

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Você sente medo de engordar? Refletir sobre essa perguntas é bem importante porque o medo de engordar é um sinal de que alguma coisa não está indo muito bem na sua relação com seu próprio corpo.

O que quero dizer com isso é que não é comum querer mudar o próprio corpo. No entanto, a mídia e a indústria da beleza incentivam bastante essa mentalidade.

Infelizmente essa maneira de se relacionar com o próprio corpo e com a comida pode ser cruel, principalmente quando o medo de engordar muda completamente como você se enxerga no espelho e o seu jeito de encarar as refeições.

Nesse artigo quero mostrar que a preocupação e o medo de engordar podem estar prejudicando o seu bem estar. Por isso vou apresentar as complicações que surgem com o medo de engordar e compartilhar um olhar diferente sobre a nossa relação com os alimentos.

Comportamentos associados ao medo de engordar:

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Provavelmente quem tem medo de engordar, já sabe como se sente. No entanto, pode não perceber que por conta disso surgem vários comportamentos e pensamentos que não contribuem para um dia a dia tranquilo e saudável. Segue alguns exemplos:

  • Deixar de sair com os amigos ou com a família para não comer

  • Passar muito tempo sem comer sua comida favorita porque acha que ela é “calórica demais”

  • Contar calorias ou escolher os alimentos que vai comer só porque têm menos calorias

  • Tentar controlar a alimentação de forma extrema

  • Estar sempre de dieta ou fazer dietas com muita frequência

  • Ficar extremamente arrependido ou culpado depois de comer algo gostoso

  • Ver o peso na balança todos os dia ou com alta frequência

  • Sempre que se olhar no espelho, achar que deve emagrecer

  • Achar que precisa compensar as calorias que ingere com exercícios

  • Fazer exercícios de forma compulsiva para evitar ganho de peso

Por que as pessoas se comportam assim?

Esses comportamentos surgem quando a pessoa sente a necessidade de se enquadrar no padrão de beleza difundido pela mídia. Infelizmente existe um volume enorme de conteúdos que reforçam a magreza como única forma de beleza.

Na publicidade existem boas polêmicas sobre a objetificação do corpo da mulheres e também da falta de representatividade. Não é a toa que 65% das mulheres dizem não se identificar com o que vêem nas propagandas.

Tem algo muito errado se toda vez que uma mulher se olha no espelho: os pensamentos que surgem focam nos quilinhos que ela deveria perder, nos cravos que tem que tratar, no cabelo que tem que hidratar e assim ela nunca consegue se olhar e ficar satisfeita com o que vê.

Eu acho injusto que isso aconteça com tanta gente! Afinal, as pessoas não conseguem atingir os padrões impostos porque eles não são reais. De verdade, cada corpo humano é único, tem uma história, tem suas marcas e isso é incrível. Devemos honrar isso. 

Gosto de lembrar que a única pessoa com quem você vai conviver para o resto da vida e por todos os segundos é você mesmo. Então, é bom refletir se essas cobranças constantes sobre o seu corpo realmente merecem a atenção que você está dando. Afinal, é preciso aprender a ser uma pessoa agradável e gentil com você mesma(o) antes de tudo.

Descobrindo como a sociedade se relaciona com a comida

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Para você compreender melhor, vamos falar sobre a Nutrição enquanto ciência. Foi durante a modernidade científica que surgiram tendências para a racionalidade da alimentação.

O foco era em resolver questões objetivas sobre o que devemos comer para ter uma vida com menores riscos de adoecimento.

Com isso, então, a alimentação se aproximou mais de uma coisa racional focado na ingestão dos alimentos para manter a saúde e modificar os corpos. Em contrapartida, foi se afastando do conceito de um hábito ligado às questões culturais.

Essa noção de biopoder, da capacidade de moldar o próprio corpo, passou a transformar o jeito que as pessoas comem na modernidade. A ideia de que “o que é gostoso comer pode ser perigoso para a saúde” impõe uma vida regrada.

A dieta

Os comportamentos ligados ao medo de engordar incluem viver de dieta. Esse estilo de vida surgiu na Modernidade, quando a dieta representava uma prescrição com orientações para consumo diário de nutrientes, onde estavam estabelecidas as quantidades dos alimentos e o horário adequado para consumir.

Então muitas vezes seguir uma dieta passa a ser uma questão de personalidade que avalia se a pessoa segue bem a ordem. Caso contrário, associamos à desordem. Essa análise faz a gente perceber como comer é um ato muito poderoso.

Por conta de uma sociedade que queria controlar muito a própria vida, fazer dieta passou a ter o sentido de estilo de vida. As pessoas foram aderindo ao longo do tempo porque as prática de controle e segurança visavam diminuir os riscos à saúde.

O problema é que diante de dietas enquanto fórmulas científicas, o alimento se faz afastado da alimentação, da comida, da cozinha, da culinária e isso é capaz de adoecer as pessoas.

Envolvimento com a cultura

Convido você a olharmos para aspectos das Ciências Sociais sobre a alimentação. Assim a gente consegue perceber que a comida é um fator importante na formação de cada indivíduo e do coletivo.

Existe um modo de enxergar que não envolve apenas “o que se ingere”, e se amplia para “como se como o quê”. Isso quebra a lógica científica e objetiva da ingestão de alimentos e  torna as experiências com a comida mais subjetivas e ligadas aos sentimentos e à cultura

Quando comemos, passamos por diversos níveis de envolvimento: sentir o cheiro, julgar a aparência, perceber a textura, apreciar o sabor. Tudo isso nos ajuda a compreender as características das misturas de ingredientes e temperos.

É preciso aprender a valorizar as refeições, mesmo quando se tem medo de engordar. É bom se fazer atento para o que se come, como o alimento foi preparado, quem está com você na mesa. Todos esses pontos mostram que as refeições, desde as mais simples à mais requintadas, significam algo que é desvendar.

Por exemplo, que você entende por “culinária” de um país? A cozinha regional é uma expressão social de determinado local, onde existe um jeito de partilhar a comida e dividir o preparo, bem como a valorização de determinados temperos ou procedimentos culinários e das regras de como comer. As comidas tradicionais possuem um significado para seu povo.

Além disso, sabemos que essas culinárias podem se conectar com contextos específicos como festas religiosas e ocasiões especiais

Assim, a comida tem elementos muito fortes de todas as culturas e talvez você possa descobrir mais sobre você mesmo através desses pratos típicos para apreciar a comida pelos aspectos culturais

Comer está conectado com a forma com que nos relacionamos com o mundo. O comportamento alimentar de cada pessoa é moldada por crenças enraizadas sobre a comida e também pelas relações de afeto.

É bom perceber a forma com que pensamos sobre a comida e como nos informamos sobre ela. O mais importante mesmo é observar como você se sente.

Entenda por que comemos o que comemos

Todo mundo tem uma comida favorita e um restaurante que gosta de frequentar, mesmo assim a gente costuma variar a ingestão dos alimentos ao longo do dia, da semana e dos anos.

Por isso vamos entender porque a fome e a vontade de comer se apresentam de maneiras diferentes para cada um de nós. O mindful eating contribuiu para isso ao notar que nossa “fome” pode ter origens diferentes.

Nós comemos por muitos motivos que não respondem apenas às necessidades físicas, mas a alimentação tem muitos significados nas nossas vidas. 

Os 7 tipos de fome:

  • Fome dos olhos - refeições bonitas que fazem nossa boca encher d’água

  • Fome do olfato - existem comidas que chamam nossa atenção pelo cheiro e as vezes desejamos uma comida exatamente pelo cheiro que ela tem

  • Fome de boca - buscamos a sensação que um alimento provoca, tipo comer algo crocante

  • Fome de estômago - aquela sensação de estômago vazio e barriga roncando

  • Fome celular - desejo por nutrientes específicos que o corpo indica que estão faltando, o corpo sinaliza através de sintomas, como a dor de cabeça

  • Fome da mente - quando você decide comer para se distrair ou se sentir menos ansioso

  • Fome do coração - a comida tem tudo a ver com emoção e às vezes tudo que se quer é uma comida de mãe quentinha ou aquele docinho com sabor de infância.

Cada tipo de fome deve ser respeitado. Quando comemos movidos por qualquer uma dessas fomes, engordar ou emagrecer tem a ver com a capacidade do nosso organismo de metabolizar esses alimentos.

Mas o que determina a escolha dos alimentos?

O ato de comer é moldado através de regras impostas pela sociedade, história individual, valores do grupo social, bem como pelo meio ambiente. Devemos entender a alimentação humana como ato que supre necessidade fisiológicas e também desejos que têm origem na cultura. 

O medo de engordar tem a ver com questões mais profundas de cada indivíduo, mas também está completamente ligado à cultura e à visão que a sociedade molda a respeito da alimentação. 

Então, quero explicar que existem fatores determinantes do consumo alimentar, ou seja, fatores sociais que nos fazem refletir por que comemos o que comemos. Vou trazer algumas informações de um estudo de revisão teórica sobre esses fatores determinantes feito por Camilla de Chermont Estima, Sonia Philippi e Marle Alvarenga do departamento de doutorado da USP.

Podemos listá-los em 4 categorias:

  • Fatores biológicos: Os hábitos alimentares da família aparecem como o principal fator social que contribui para as escolhas alimentares de uma pessoa ao longo da vida.

  • Fatores econômicos: A renda familiar e o nível de escolaridade também afeta o acesso a alimentos de boa qualidade.

  • Fatores de disponibilidade do alimento: Quando prestamos atenção aos alimentos que estão disponíveis no supermercado e o tipo de comida que a maioria dos restaurantes estão oferecendo, percebemos que o que nós escolhemos comer não depende só de nós. Fora isso, também percebemos que alimentos mais práticos e os de menor preço provavelmente serão mais consumidos que os mais ricos.

  • Fatores sociais: Os hábitos alimentares da família aparecem como o principal fator social que contribui para as escolhas alimentares de uma pessoa ao longo da vida.

Medo de engordar: quando é a hora de buscar ajuda?

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Infelizmente o medo de engordar muitas vezes é tratado pela mídia como algo completamente normal e muitas vezes pode até ser incentivado. No entanto, eu sei que esse medo pode gerar muita dor e desconforto na vida de quem convive com ele.

O medo de engordar é um dos primeiros sintomas de transtornos alimentares como a bulimia e anorexia.

Se você sente medo de engordar, fique em alerta para evitar um quadro mais sério. Se você acredita que isso afeta sua autoimagem ou deixa sua vida mais difícil, saiba que existe tratamento para esse desconforto. 

Existe sim uma possibilidade de fazer as pazes com a comida e levar a vida com mais leveza, sem precisar controlar a alimentação de forma extrema. Procure ajuda de profissionais como psicólogos e nutricionistas o quanto antes. 

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